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domingo, 3 de abril de 2016

a máquina de fazer espanhóis - Valter Hugo Mãe




Resenha: Antônio Jorge da Silva, mais conhecido por Sr. Silva é um homem de 84 anos que recentemente perdeu a esposa, Laura. Contra a sua vontade, ele é colocado em um asilo (Feliz Idade). (obs: algumas partes da história são descritas de uma forma bem irônica pelo Sr. Silva).  

"o lar da feliz idade, assim se chama o matadouro para onde fui metido." 

Nessa nova fase de vida do Sr. Silva iniciam-se muitas descobertas, ainda sofrendo com a perda da esposa e ressentido pelo abandono da família, ele chega no asilo muito revoltado, descontando sua raiva e frustração em todos que tentam se aproximar. Aos poucos o Sr. Silva começa a perceber o drama dos outros idosos que estão ao seu redor e lindas amizades são feitas por descobrirem que eles tem muito em comum. 

"estamos aqui para fazer coisas que nunca fizemos, é também isso que significa a velhice, estarmos velhos da cabeça."

O livro apresenta uma história que aborda a velhice e várias questões que giram em torno dela, como a solidão, o abandono, o medo da morte. As amizades entre os idosos do asilo são encantadoras e emocionantes. Existem outros personagens que acrescentam a história e interagem com o Sr. Silva; a idosa Dona Marta, na minha opinião, foi muito marcante. 
Primeira leitura de uma obra do Valter Hugo Mãe, ele escreveu este livro, criou personagens cativantes para homenagear seu pai, que infelizmente faleceu antes da terceira idade.  
Acostumei facilmente com a escrita em letras minúsculas, livros de escritores portugueses não estão frequentemente na minha TBR, mas gostei de conhecer a máquina de fazer espanhóis. Vale a pena a leitura!

"nunca nos preparamos para a realidade, passamos a ser cidadãos terrivelmente antipáticos, mesmo que façamos uma gestão inteligente desse desprezo que alimentamos crescendo, e só não nos tornamos perigosos porque envelhecer é tornarmo-nos vulneráveis e nada valentes, pelo que enlouquecemos um bocado e somos só como feras muito grandes sem ossos, metidas dentro de sacos de pele imprestáveis que já não servem para nos impor verticalidade nem nas mais pequenas batalhas."




Ano: 2011 
Páginas: 256
Editora: Cosac Naify




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